Pensamentoametro

As escadas de volta parecem-me íngremes, o regresso pensado eleva o propósito com que por aqui fiquei, revisito cada canto de mim em busca de uma mal famigerada estirpe, ao olhar em volta vejo no azul de um barro pintado, a certeza de um propósito: " Anthemis nobilis". A extensão é enorme ao ponto de me deixar ficar em pé diante de tal esplendor, na imagem projecto o aroma que nunca senti, revejo a tristeza por esse facto e sigo em frente empossado pela coragem que nunca tive. Permito-me que as minhas mãos afaguem a textura de um calvo despontar, deixo-me tombar pelo inebriante desejo do aconchego. Num instante vejo-me olhar um sol que de tão fugaz se esconde de mim brincando nos olhos com apareceres e desapareceres tão rápidos como ele próprio que dá nome à luz. Na periferia do meu corpo dançam a matéria do "Anthemis nobilis" e a brisa prosaica de um qualquer delator de palavras não sentidas. No regresso deparo-me com as mesmas escadas envoltas nesse mesmo pensa

Sim, e porque não hoje ser o artista que vagueia descalço pelas areias de uma vida, que ao pisar geme de dor pelo calor abrasador, refletido no mar imenso dessa água turva e salgada despejo de uma qualquer refinaria colocada ali mesmo ao lado. O artista tenta a todo o custo encontrar nos transeuntes a forma de expressar a sua "arte". Atenta na forma discreta como o mais simples passear bem perto da ondulação desperta um impulso para a descoberta, quem foi, quem é o ser escondido na hipoderme do hospedeiro. Nem sempre foi fácil a descoberta, mas é sempre sincera da parte do artista, o reflexo pode nem sempre projetar essa mesma sinceridade. Quando o Sol padecer por uma partida sentida como um breve até amanhã, ele partirá para o abrigo, o seu abrigo, onde em repouso pensará em todas aquelas coisas que vira durante o dia e que á profundidade da alma chegaram. No silêncio repensa naquelas que serão as eternas questões, sim porque o que era eterno no passado é eterno no presen