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O livro o filho e a árvore

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Corria o ano de 1969 e da voz da Simone era expelido com silvos de raiva "quem faz um filho fá-lo por gosto", os cavalos do regime rapidamente se alinharam e num feroz trote, atacaram mais do que a música a ideia da liberdade de poder ser e viver sendo. A ideia do prazer era abominável para um inquisitivo regime, o objetivo era a estupidificação de um povo. E foi ao ouvir a Desfolhada que me deixei vaguear pela ideia tão subjacente de que a existência de um qualquer ser humano só se completa com a santíssima trindade térrea. Deixei-me interrogar pela essência da ideia e rapidamente fui aconchegar-me nos braços do perpetuar da espécie, resume-se a algo tão simples? Inquieto-me com a simplicidade e sou impelido a mergulhar num atroz conteúdo, Darwin leva-nos a crer que vivemos para existir, Nietzsche por seu lado direciona-nos para acreditar que existimos para viver, então o filho é de Darwin e o livro é de Nietzsche no entanto onde posicionamos a árvore? O filho é o re

Mãos

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Ao meu lado direito, o corpo afunda no assento, o peso do cansaço por certo fez sucumbir o que restava de vivacidade, não lhe conheço a graça, nem tão pouco a essência da existência. A minha atenção recai sobre as mãos, se existe coisa que observo desde os primórdios da minha história são as mãos. A minha avó diria: -"tem umas mãos tão mimosas!", de repente transporto a mente para tempos idos, em que as primas de Lisboa traziam tais mãos à província, nunca entendi o mistério que estava na génese de tamanha angelical limpeza e cristalinidade, por certo, pensava eu, as águas da cidade transportavam na tubagem produtos futuristas de limpeza, bastaria um banho e também eu poderia carregar mãos daquela perfeita natureza. As mãos que viajavam ao meu lado, deveriam ter sucumbido ás águas da cidade, pois apresentavam o toque do rigor, a delicadeza ao projectado olhar, tal como as mãos das primas de Lisboa, num instante regresso ás minhas, essas nunca brilharam, mantiveram por um