O "trono"


...com um empurrão de macho feito homem, desloquei o peso da acastanhada porta, por fim entrava no antro dos perdidos pingos, por entre nano salpicos e as impressas matrizes de solas de sapatos, locomovo-me tentando o equilíbrio do corpo, com a pseudo leveza da mente. A limpeza fora feita logo pela manhã e por aquela hora, todo o espaço necessitava já de um pouco de "Xampa". Entro com o tórax num arqueamento invertido ao da natureza humana, moldado pelo peso dos dias, aqui sou grande! Aqui tenho e posso ser maior que os demais! Instigo-me a avançar para uma das entre encostadas portas, o verde indica-me a disponibilidade do espaço, sim aqui posso ser! Sim aqui vou ser, apenas mais um entre uma natureza de inteira fraqueza e conspurcação, o contínuo movimento do meu corpo é descoberto e eis que todo o espaço se ilumina, o sensor comunica numa perfeita simbiose e numa transmissão quase telepática ordena aos novos filamentos que da essência de Edison já pouco ou nada lhes resta, iluminai-vos! E servi os vossos criadores! A porta outrora entreaberta, fora fechada para criar a falsa barreira de um ilusório retiro, o som irá por certo propagar-se em diferentes comprimentos de onda, as frequências estão pendentes dos repastos que antecederam a gloriosa estada, o corpo adapta-se aos poucos a uma nova posição e com um arrepio seguido de uma efeminada contração, eis que surgem os primeiros sintomas de uma não doença, mas de uma acostumada rotina. Quando tudo parece girar numa falsa paz uma força quase sobre-humana gera o famigerado alivio.  

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